Do norte da Geórgia vem uma seleção campeã do mundo


Por Mário Fontes (@fontesmario)

Em ambiente de conflito político, surgiu um campeão. Uma equipe que é orgulho nacional. A seleção da Abecásia conquistou a Copa do Mundo ConIFA, composta por regiões, estados e países não reconhecidos pela Fifa. Situada no norte da Geórgia, a Abecásia tem pouco reconhecimento internacional, e fica numa região de grandes conflitos envolvendo separatistas e o governo da Rússia.


Contando com um elenco em que parte dos atletas joga em ligas russas, os abcázios conseguiram um título de expressão, recebendo a Copa do Mundo ConIFA em suas duas cidades mais populosas: Sukhumi e Gagra. A primeira tem uma história longa e significativa. Sofreu durante treze meses por conta do conflito étnico entre as forças de governo georgiano e separatistas abcázios reforçados por militantes caucasianos do norte, cossacos e apoiados não oficialmente pelas forças russas estacionadas em Gudauta (cidade também da região da Abecásia), entre 1992 e 1993.



No meio de tanta luta é que se faz a importância da conquista. E toda grande história precisa de um herói. Ruslan Shoniya havia tido atuação discreta durante a primeira fase, marcando dois gols na vitória por 9 a 0 contra a equipe das Ilhas Chagos, logo na estreia. Seu poder de decisão apareceu na final, quando, aos 87 minutos, marcou o gol de empate que levou o confronto contra Panjab (região entre o Paquistão e a Índia) para os pênaltis. Assim como os grandes destaques da seleção da Abecásia, ele joga em uma liga menor da Rússia, pelo FC Neftekhimik Nizhnekamsk, que subiu para a segunda divisão.



Apesar disso, a invasão do gramado após o triunfo nos penais na grande decisão mostra que naquele momento eles viraram estrelas, craques, mesmo que por pouco tempo. O que Shoniya e outros jogadores da Abecásia fizeram pelo seu país foi altamente significativo. A festa foi tanta que o presidente abcázio declarou feriado no dia seguinte à partida, só por conta da conquista.

Em 2018, acontecerá a terceira edição da competição, ainda sem sede definida. Será a chance para mais uma seleção tentar colocar o nome do seu país nos noticiários esportivos internacionais, e conseguir momentos de destaque, mesmo longe do glamour de um torneio Fifa.

Fotos: ConIFA/Facebook
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