Boicote a torneio inglês faz time trocar de goleiro após 2min de jogo


Dois minutos de jogo entre Bradford City e Bury, pela English Football League (EFL) Trophy - torneio para, especificamente, clubes da terceira e quarta divisões da Inglaterra. Sobe a plaquinha de substituição: sai o goleiro Colin Doyle e entra seu reserva Rouven Sattelmaier. Nenhuma lesão, nenhum problema. Quer dizer, essa mudança chamou atenção para um problema muito maior: o boicote a este torneio.

 

Vamos por partes. A EFL Trophy é uma competição disputada desde o começo dos anos 1980, sempre vista como boa oportunidade para clubes da terceira e quarta divisões conquistarem um título e ganharem as manchetes do país. Só que, a partir desta temporada, um acordo fez com que adentrassem na disputa clubes de Premier League e Championship (primeira e segunda divisões), com seus times sub-23.

O torneio foi, naturalmente, inflado, aumentando o já inchado calendário dos clubes de League One e Two - que já jogam, naturalmente, entre 50 e 60 jogos por temporada. Os organizadores da EFL Trophy incluíram regras para as escalações dos times, obrigando-os a colocarem em campo cinco jogadores que tenham atuado na última partida da liga, cinco que vão atuar na próxima partida ou cinco dos que mais tenham jogado na temporada inteira. Ao menos um destes itens precisa ser respeitado.

E aí voltamos ao primeiro parágrafo, para a curiosa substituição de goleiro após dois minutos sem nenhuma lesão. Colin Doyle saiu jogando apenas para o Bradford estar dentro das regras (ele fora titular no fim de semana, pela liga), mas o técnico Kevin Black logo o tirou para poupá-lo. "Achei que ele teve 45 segundos ruins de jogo", ironizou o treinador após o jogo, vencido pelo Bradford por 2 a 1.

Estádios vazios: a tônica da EFL Trophy

Acontece que a regra é válida apenas para os clubes da terceira e quarta divisões. Eles não podem usar um time inteiro da base no torneio. "Como podemos ter uma disputa para jogadores da base da Premier League, que pode fazer o que quiser, mas nós não podemos desenvolver nossos próprios jogadores?", criticou Karl Robinson, técnico do Milton Keynes Dons (campeão do torneio em 2008).

Se os clubes estão descontentes, as torcidas estão indo na mesma linha. Para se ter uma ideia, o Portsmouth registrou, nesta semana, seu pior público no estádio Fratton Park desde a Segunda Guerra Mundial: apenas 1,3 mil torcedores viram o time perder nos pênaltis para o Reading sub-23 - em comparação, o público no jogo com o Doncaster, on fim de semana, pela quarta divisão, foi de 17 mil.

O maior público da semana foi registrado no clássico entre Swindon Town e Oxford United. Porém, o número de 2,6 mil espectadores foi o pior dos últimos anos do confronto. "É um ano de testes. Vamos apoiar a competição e, dentro de alguns anos, jogadores da base terão jogado entre 15 a 18 jogos profissionais, o que vai preencher a lacuna entre base e profissional", disse Dan Ashworth, diretor-técnico da FA, a federação inglesa.

Imagem: Dailymail 
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